sábado, 28 de janeiro de 2012

2012.

Sei que este post vem tardio, afinal já estamos no fim de Janeiro. Sei também que o propósito inicial deste blog era simplesmente documentar os dias da minha viagem à alguns países da Europa, principalmente a França, em 2010.

Porém 2011 foi um ano muito diferente para mim, que passou como um furacão na minha vida, e cá estou eu já vivendo meu 2012 porém ainda tentando me situar, entender onde me encontro e, a partir daí, entrar de cabeça no novo ano que começa. E, pelo menos para mim, a melhor forma de se fazer isto é escrevendo. Pois bem.

Aprendi muita coisa no ano passado. Já comecei aquele ano tomando decisões aparentemente malucas que foram contestadas e apoiadas pelos meus queridos amigos, cada um com sua visão das novidades "absurdas" com as quais cheguei de Paris. Decidi passar a primeira metade do ano me preparando para o que viria na segunda metade. Esperando, planejando, riscando dias do meu calendário, simplesmente acordando e indo dormir realizando o mínimo esperado de mim esperando os dias passarem como se eles não tivessem muito valor se comparados àqueles que viriam em seguida. O último mês de 2010 já era, desde o início, um mês de decisões. Tirei um mês de férias durante o qual eu pensaria os próximos passos de minha vida. E foi isso que fiz. Decidi quebrar uma sequência de dois anos mornos para mim. Decidi me demitir do meu emprego de dois anos para passar seis meses na Europa fazendo, bem, fazendo quase nada. Desisti de um emprego que, apesar de proporcionar estabilidade e carregar o peso e oportunidades de uma gigante conhecida multinacional americana e valorizar muito bem financeiramente meus esforços, não me animava mais. Nem um pouco. À medida que o tempo passava e meu salário ia aumentando, mais difícil ficava para eu me desligar. Por fim me decidi.

O plano era, inicialmente, pagar caro por um curso que eu não estava nem um pouco a fim de fazer, apenas para conseguir um visto e ter uma ocupação neste tempo. Mas eu que eu queria mesmo era uma imersão cultural em um país que amo, admiro e simpatizo profundamente, talvez pelas nossas afinidades musicais: a Inglaterra. E foi esperando loucamente pelo dia da viagem que vivi meus primeiros meses do ano. Porém como efeitos colaterais de decisões pouco ponderadas, um pouco de álcool e a iminência da partida me bateu uma vontade desesperada de pontuar um assunto que estava presente dentro de mim há meses, talvez anos. E foi assim que, uma semana antes do meu vôo, o mundo caiu mudando completamente minhas expectativas para os seis meses que viriam. Se eu mudaria alguma coisa? Sim, eu teria tido esta conversa em um outro ambiente, sem uma gota de "golo" e com um enfoque totalmente diferente. Porém no fundo no fundo eu sei que se não fosse o incentivo de uns copinhos e a informalidade da situação a conversa nunca teria acontecido e eu ainda estaria com isso guardado dentro de mim.

Portanto cheguei em Liverpool no dia 21 de julho sem saber o que me esperava e agora que tudo passou sei dizer bem o que era. Seis meses de muita intensidade, aprendizado, lágrimas, mudança e divertimento. Muuuuuuito divertimento. Apesar de não estar vivendo a situação ideal ali decidi me entregar ao que estava à minha frente e sugar cada segundo daquela experiência surreal. Teve momentos nos quais eu achei que o tempo nunca iria passar mas agora eu vejo que voou. Vejo que eu poderia ter feito muitas outras coisas que não fiz e ter deixado claro para muitas pessoas de lá a importância delas para mim não só nos dias que passei ali com elas mas que carregarei para sempre comigo. Em 2011 eu vi ao vivo quem para mim hoje é a maior lenda viva da música, Paul McCartney, em um show não tão grande em sua cidade natal. Vi o The La's fazendo um show acústico e energizante em uma pequena O2 Academy, vi o Bruce Foxton tocando clássicos do The Jam que eu amo tanto no back stage do Cavern Club, participei intensamente da Beatle week de Liverpool, quando conheci e abracei Tony Sheridan, além de o ter visto tocando My Bonnie na minha frente, vi Alan White, conheci e saí para beber e conversar com Julia Baird, filha de Julia Lennon, vi Crosby & Nash na impecável Philharmonic de Liverpool, vi e conheci no backstage o Yes, fui sorteada para o café da manhã de inauguração do novo Museum of Liverpool mas, principalmente, adquiri um pouco da cultura deste canto tão especial do mundo e por ali deixei um pouco do groove brasileiro, como uma vez me disseram. Não foram dias fáceis, mas não me atrevo a dizer que foram difíceis. Foi a hora de pausar a correria da minha, me distanciar das minhas realidades mundanas e tirar tempo, muito tempo, para reavaliar meus sentimentos, vontades e aquilo que define quem eu sou. E de quebra, ter oportunidade de viver tanta coisa legal e inesperada. Julgo que foi uma decisão de sorte.

Porém já de volta e ainda tentando me readaptar ao mundo real tentando traçar as linhas que desenharão meu 2012 tentei identificar os motivos que me levaram a dar este passo que muitos chamaram de absurdo porém do qual não me arrependo. Me decidi com base em outros motivos. Mas na verdade eu precisava de um "way out". A vida estava chata e fugir para longe naquele momento seria meu único jeito de quebrar uma sequência de dias entediantes sem que eu sofresse as consequências imediatas. E é sofrendo as consequências tardias que agora me encontro... e o que me surpreende é de repente perceber que estas consequências não estão sendo tão ruins para mim. Pelo contrário, estão contribuindo para meu crescimento e meu auto-conhecimento. E ah, decidi que valeu a pena!
Minha primeira decisão de 2012 foi mudar, ou melhor, adicionar uma nova ramificação na minha vida profissional e abraçar uma jornada dupla além de investir tempo estudando aquilo que vai me ajudar a fazer o que mais me deixa feliz.

Por causa de 2011 e seus caminhos incomuns é que começo meu 2012 cheia de energia e vontade de viver cada momento, fazer meus sonhos acontecerem, sem ficar esperando por nada, valorizando cada um dos meus preciosos dias e a companhia das pessoas que são especiais para mim. Aprendi que consigo sim viver com as consequências das minhas decisões seja qual for o tamanho do impacto que elas tenham em minha vida, o que me faz mais forte e menos medrosa para traçar meus caminhos de acordo somente com a minha vontade. E o mais valioso, aprendi a reler a visão que alguns tem de mim. Aprendi que o que muitos chamam de radicalismo na verdade é pura intensidade. E é assim que eu gosto e pretendo viver. Quero um ano de intensidade e leveza. Que venha, 2012!

Deixo uma foto e uma música com muito sabor de 2011...



I'm just sitting here watching the wheels go round and round, I really love to watch them roll. 

2 comentários:

  1. Yo, estou muito feliz por você! :) Qualquer coisa que você precisar é só falar.
    bjo

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  2. Leveza... a vida é muito melhor qdo é leve... e qdo não há dúvidas, pq se viveu tudo que se quis viver! ;)

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